Monday, September 18, 2006

An Inconvenient Truth - Uma Verdade Inconveniente *****

Esta comunicação - e não um documentário - é muito mais do que um panfeleto ambientalista, é um tratado sobre a condição humana e sua evolução como espécie.
Se dúvidas há acerca da veracidade do que é transmitido, o instinto de cada espectador tratará do lho transmitir. E é exactamente aí que reside um dos pontos fortes do filme pois essa reflexão é permitida dado o tom escolhido. Um tom de partilha e não de imposição. No entanto, a maior virtude do discurso de Al Gore é o não alarmar - o que seria extremamente fácil - mas sim alertar. E apesar de, à primeira vista, a fronteira entre as ambas parecer extremamente ténue, o produto humano final é oposto. Se o alarmar nos "alerta" para algo que vai acontecer sem nos dar ferramentas para o combater, resultando em algo que nos remete para uma posição de medo (panico) e consequente inactividade - o tom utilizado pela presente administração americana -. Já o alertar visa informar sobre as consequências de uma determinada acção, dando-nos a consciência de que podemos agir positivamente contra essas mesmas consequências. É essa fronteira ética, do manipular ou não a audiência, que A Verdade Inconveniente não ultrapassa.

E se dúvidas há quanto à qualidade cinematográfica desta película, elas simplesmente dissipar-se-ão com um nome, Lawrence Bender, produtor de todos os filmes de Quentin Tarantino e de mais algumas umas obras de referência como Good Will Hunting (O Bom Rebelde). Se ele estava disposto a investir o seu dinheiro nesta película, talvez também nós o devamos fazer.
O intérprete maior e nosso guia nesta viagem é Al Gore. Um político que se transcende nesta "cruzada" como interluctor apaixonado, sensível e claro. A sua interpretação é anti-interpretação. Nele está só o mais foleiro e imberbe - no melhor sentido possível - idealismo, arma que todos os conformistas visam destruir. É bom ver uma pessoa nos 50's ou 60's a lutar com tamanha ilusão de mudar o mundo. É exactamente assim que as coisas acontecem.
Este é, sem dúvida, um filme em que já sabemos ao que vamos mas que serve - e muito bem - o propósito de nos reaproximar do nosso carácter de espécie terrestre e de nos descansar ao sabermos que há mais alguém - e não são poucos - que também se preocupa, que também pensa e que também deseja transcender-se.
Em suma, é um filme importante, talvez mesmo o mais importante.

5*

WINGS OF DESIRE
1987
Director: Wim Wenders

Festivals/Awards:
1987 Cannes (Best Director)
1987 Gildepreis in Silver (Best German Film)
1988 FELIX, European Film Prize (Best Director)
1988 German Film Prize in Gold(Best Director)
1988 Bavarian Film Prize(Director)


Sinopse

'The sky over Wenders' war-scarred Berlin is full of gentle, trenchcoated angels who listen to the tortured thoughts of mortals and try to comfort them. One, Damiel (Bruno Ganz), wishes to become mortal after falling in love with a beautiful trapeze artist, Marion (Solveig Dommartin). Peter Falk, as himself, assists in the transformation by explaining the simple joys of a human experience, such as the sublime combination of coffee and cigarettes. '

o preto-branco / a cor .. da vida.
poesia.

Tuesday, September 12, 2006

a (re)ver

FA YEUNG NIN WA
'Disponível Para Amar'

De Wong Kar Wai
Hong Kong/França, 2000
98 min

amanhã 13.09 na cinemateca às 19.00h

Sunday, September 10, 2006

The Squid and The Whale-A Lula e a Baleia ****

A não perder, no Quarteto.

The Sentinel - O Sentinela '

Um filme fraquíssimo, incompreensível tendo em conta o elenco all-star.
A premissa até é forte e chamativa (tendo em conta de que se trata de um filme de acção) "Pela primeira vez, há um traidor nos Serviços Secretos Norte-Americanos", no entanto, a superficialidade de todo argumento é aflitiva.
Não há contexto político; o enredo parece extremamente forçado e a falta de magia sucede cena a cena; as próprias personagens são extremamente superficiais; a realização pseudo-Soderbergh não resulta; e a direcção de actores é absolutamente desastrosa, colando todas as interpretações a uma espécie de clonagem de arquétipos de filmes semelhantes.
Em suma, passa-se muito bem sem conhecer o Sentinela.

Friday, September 01, 2006

United 93 - Voo 93 ****

Excelente filme de um estilo romantico-documental. Esta "aproximação" pretensamente realista ao 11 de Setembro resulta pela ausência de uma mensagem política ou crítica, algo que poderia conferir uma espécie de tratado enganador sobre o que realmente se passou.
O casting revela-se excelente, algo fundamental para uma película tão recheada de humanismo como esta.
O título poderá dissuadir as pessoas de ir ao cinema porque pensam que vão ver história da queda de um avião. Nada mais errado. Podem contar sim com um filme que olha para toda confusão aeronautica gerada pelo 11 de Setembro e para os sentimentos que essa confusão faz despoletar nos seres humanos envolvidos.
Sem ser um grande filme, é uma experiência cinematográfica a não perder.