Saturday, August 19, 2006

Miami Vice - ****

James 'Sunny' Crockett (Colin Farrell) e Ricardo Tubbs (Jamie Foxx) são detectives da DEA (Drug Enforcement Agency) e encontram-se infiltrados numa complexa rede de tráfego de estupefacientes.

Felizmente para nós e para Michael Mann que este pôde levar avante o seu sonho de transpor a série Miami Vice - que produziu - para o grande ecrã.
Este excelente thriller de Michael Mann assenta em dois pilares, realismo e humanismo.
O realismo encontra-se na parte técnica do filme, isto é, realização, fotografia, edição, etc. O humanismo está embrenhado em todo o argumento.
Será esta fórmula nova para Michael Mann?
A visão de Michael Mann deste novo Miami Vice é, sem dúvida, semelhante às suas obras anteriores. E mais uma vez, tal como nas obras anteriores, resulta.
A importância dada ao "canvas" paisagístico está lá (como na Los Angeles de Heat e de Colateral). O realismo e menor definição nas cenas de maior tensão, também está. Os filtros azuis... A ausência de banda sonora nas cenas de acção de forma a não as romantizar... etc. Podia enumerar mil e uma semelhanças em termos técnicos com os seus restantes filmes mas "bottom line", resulta.
O argumento também é típico de Michael Mann mas atípico de Hollywood, centrando a história não na "big picture" (acção e drogas) mas na novela de sentimentos que envolve as personagens. E não tenham dúvidas, esse é o segredo de um grande filme de acção. Este filme, como em quase todo o bom cinema americano, prescinde de dar uma maior importância à acção espectacular (sem conteúdo, apenas visual) para se centrar na acção argumentativa (com conteúdo). Esta política minimalista, de que todas as cenas têm de ter uma função na história, é vital para que não haja quebras de ritmo.

Passando aos intérpretes, a grande surpresa é, sem dúvida, Colin Farrell. O actor irlandês, que andava perdido em personagens mal concebidas como em O Novo Mundo de Terrence Malick ou em Alexandre, O Grande de Oliver Stone, conseguiu imprimir à sua personagem uma dualidade entre frieza e proximidade, fundamental para a revelação do humanismo de 'Sunny' Crockett. Em suma, deu-lhe complexidade.
Jamie Foxx, por outro lado, pode parecer desaproveitado mas é a sua actuação contida que permite perceber que não é em Ricardo Tubbs mas sim em 'Sunny' Crockett que se encontram as encruzilhadas sentimentais do filme. Como tal, deverá ser este último a ocupar o plateau.
Quanto ao elenco secundário, nada a dizer. Ninguém sobressaí pela positiva ou pela negativa e era isso que se pretendia. A história principal eram as difíceis escolhas do protagonista e foram exactamente essas que saíram reforçadas com a contenção do cast secundário. Em suma, tudo o resto - acção, personagens, locais, etc - remeteu-se para segundo plano, deixando que os sentimentos se exteriorizassem tomando conta do espectador.
Michael Mann prova mais uma vez que é um dos cineastas que melhor gere a sua carreira, apresentando uma paixão inerente a cada projecto que faz.

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